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5 coisas que vocĂȘ deve saber antes de considerar ir morar no exterior


Un articolo interessante, scritto da una brasiliana che vive da anni in Olanda. Molte cose da lei descritte corrispondono al vero, e in qualche modo ci sono passato anch'io. Vivere in un paese diverso dal proprio non Ă© affatto facile ma alla fine ci si adegua. Una constatazione perĂČ non posso fare a meno di farla, e cioĂš, se un brasiliano ha cosĂŹ tanti problemi a vivere in un paese europeo, o volendo usare un termine tanto caro a loro, di "primeiro mundo", immagina il contrario!



Não acho que ter o desejo de morar fora seja necessariamente um reflexo do complexo de vira-lata, como sugeriu o moço do texto que compartilhei. Tem gente que simplesmente tem fome de alhures. Que não se identifica com um só pedaço de chão, que quer mais é ver e sentir o que hå por esse mundo. Foi o meu caso.

Defendo a todo mundo que queira e possa morar fora que o faça, nem que seja por alguns meses. O contato mais prolongado com outras culturas e modos de vida Ă© uma excelente forma de aprendizado. Infelizmente, este Ă© um aprendizado que nĂŁo obtemos apenas fazendo turismo. É preciso tempo. É preciso nĂŁo estar apenas passeando. Viver o dia a dia, alugar apartamento, pagar contas, fazer supermercado, ir ao mĂ©dico, construir uma rede de amigos, lidar com colegas de trabalho. SĂł assim Ă© que vamos lentamente desvendando as miudezas que fazem de um americano um americano, um chinĂȘs um chinĂȘs e um espanhol um espanhol. Mas, em outro paĂ­s, desvendamos sobretudo a nĂłs mesmos. Quando as pessoas ao nosso redor nĂŁo sĂŁo exatamente como nĂłs, acabamos por refletir sobre o que faz a gente ser como Ă©.

Recomendo a imigração porque esta Ă© uma experiĂȘncia maravilhosa e, ao mesmo tempo, dolorida. Portanto, se vocĂȘ tem o sonho de morar fora porque acha que sua vida vai ser muito mais fĂĄcil em um paĂ­s de primeiro mundo onde o ĂŽnibus vem na hora certa e as pessoas nĂŁo tĂȘm cerca elĂ©trica em casa, reveja seus conceitos. Pegar o ĂŽnibus serĂĄ mais fĂĄcil, mas em compensação haverĂĄ uma sĂ©rie de novas buchas. O grande barato da imigração Ă© justamente nĂŁo ser fĂĄcil. É como um quebra-cabeça com trĂȘs mil peças. É aterrorizante, desafiador, chato, divertido, frustrante, cansativo. Tudo ao mesmo tempo.

Antes de considerar partir, eis cinco coisas que vocĂȘ deve saber/desmistificar. Depois nĂŁo diga que nĂŁo avisei!

1. PaĂ­s rico nĂŁo Ă© sinĂŽnimo de gente rica


Tem gente que acredita que os habitantes dos Estados Unidos e Europa nadam em dinheiro. Toda uma população de Narcisas Tamborideguy. Quando digo onde moro, há quem reaja dizendo: "que chique!". Como assim chique? Já imagino as vacas holandesas com sinos de cristais Svarovski no pescoço e os pastos sendo adubados por Veuve Clicquot. É apenas um lugar, gente. Onde as pessoas estão nascendo, crescendo, se reproduzindo e morrendo. Ralando. Igualzinho à gente. Todo mundo faz cocî.

Muitos jĂĄ escreveram sobre isso melhor do que eu, mas nĂŁo custa repetir: se vocĂȘ faz parte da classe mĂ©dia no Brasil, muito provavelmente tem bem mais mordomias do que uma pessoa de classe mĂ©dia na Europa. Afinal, como a disparidade de renda nĂŁo Ă© absurdamente alta como no Brasil, nĂŁo existe uma sĂ©rie de serviços a custo de banana, prestados por pessoas que tiveram pouco ou nenhum acesso Ă  educação. NĂŁo tem empregada para lavar sua privada, cozinhar e passar sua roupa, tudo incluĂ­do no mesmo pacote. NĂŁo tem quem empacote sua compra no supermercado e depois leve atĂ© seu porta-malas. NĂŁo tem manicure para fazer suas unhas toda semana. NĂŁo tem quem monte seus mĂłveis quando vocĂȘ se muda. NĂŁo tem porteiro, nĂŁo tem elevador de serviço. E por aĂ­ vai. Pelo menos nĂŁo sem que isso cause um rombo no seu orçamento. As pessoas se viram sozinhas, afinal de contas a mĂŁo delas nĂŁo vai cair se empacotarem as prĂłprias compras [il GRASSETTO Ăš mio].

(E, como disse o Ducs, existe uma relação direta entre ter que limpar a prĂłpria privada e poder sair com seu MacBook na rua, sem medo. A violĂȘncia no Brasil nunca vai melhorar enquanto a renda e as oportunidades nĂŁo forem melhor distribuĂ­das. Mas parabĂ©ns para vocĂȘs que acham que basta diminuir a maioridade penal e descer o cacete na favela. Viver entrincheirado em carros blindados e condomĂ­nios fechados Ă© o preço que vocĂȘ paga pela privada que nĂŁo lava)

PaĂ­s rico/desenvolvido significa paĂ­s onde toda ou a grande maioria da população tem acesso a condiçÔes dignas de sobrevivĂȘncia. Um teto sobre sua cabeça, comida, roupas. NĂŁo Ă© democracia de carro Mercedes e bolsa Chanel. A maioria dos europeus estĂĄ vivendo de uma maneira bem mais simples que vocĂȘ. Fazendo festas infinitamente menores para seus filhos. Comprando muito menos pares de sapato. NĂŁo tĂȘm chĂŁo de porcelanato e nĂŁo estĂŁo nem aĂ­ para o formato da cuba do banheiro. Afinal, sĂł precisa ostentar quem precisa se diferenciar a todo custo dos pobres para ser bem tratado. Viver bem Ă© uma coisa, luxo Ă© outra.

Se vocĂȘ curte uma vida de luxos, mordomias e tratamento de dotĂŽ, nascer classe mĂ©dia em um paĂ­s tĂŁo desigual Ă© o melhor que poderia ter te acontecido. Afinal, por aqui atĂ© o ministro vai trabalhar de bicicleta e metrĂŽ.

2. Nem tudo funciona perfeitamente sempre


Vivo reclamando do sistema de saĂșde holandĂȘs, focado quase que exclusivamente em cura. Eles nĂŁo tĂȘm uma mentalidade voltada para a prevenção. Este Ă© o paĂ­s europeu onde mais se morre de cĂąncer, por exemplo, porque as pessoas o descobrem tarde demais. Sempre acham que nĂŁo carece ir ao mĂ©dico por algo "pequeno". Quando vĂŁo, mesmo o mĂ©dico pode achar que a reclamação Ă© muito "pequena" e nĂŁo a investigam. Faça um dramalhĂŁo mexicano ou voltarĂĄ para casa apenas com um paracetamol. Conseguir autorização para fazer um reles exame de sangue me dĂĄ o mesmo sentimento de passar uma fase difĂ­cil num video game. Um dia desabafei sobre isso no Facebook e recebi o seguinte comentĂĄrio: "nossa, mas eu achava que aĂ­ era perfeito!".

Mas como poderia ser perfeito? Sistemas e instituiçÔes sĂŁo geridos por pessoas. Logo, sĂŁo suscetĂ­veis a falhas. Aqui tambĂ©m coisas atrasam ou sĂŁo feitas nas coxas. Humanos. O paĂ­s pode ter mais recursos e, por isso, as coisas tenderem a ser mais bem geridas. Mas depende da coisa em questĂŁo. Diversas variĂĄveis alĂ©m de dinheiro podem influenciar a qualidade dos serviços -- como neste exemplo, em que a praticidade holandesa acaba gerando uma mentalidade "deixa de frescura" que impacta o sistema de saĂșde. Perfeição nĂŁo existe.

3. Saudade serĂĄ o menor dos seus problemas

Se medo de sentir muita saudade Ă© o que te prende ao Brasil, nĂŁo tema. É claro que isso depende de quĂŁo apegado vocĂȘ Ă© Ă s pessoas. Mas, se jĂĄ considera a possibilidade de ir morar em um paĂ­s distante, assumo que vocĂȘ jĂĄ seja mais desprendido (caso contrĂĄrio, por que causaria tamanho sofrimento a si mesmo?).

A grande verdade Ă© que vocĂȘ vai se acostumar com a ausĂȘncia fĂ­sica de familiares e amigos. O que nĂŁo significa que eles ficarĂŁo de fora da sua vida. Skype quebra demais o galho -- e, acredite, sua relação com seus pais ficarĂĄ atĂ© mais prĂłxima. Converso muito mais com minha mĂŁe hoje, em nossos encontros no Skype, do que quando morĂĄvamos juntas.

VocĂȘ vai aprender que amizades sĂŁo circunstanciais. A maioria delas sĂł perdura enquanto vocĂȘs partilham um determinado espaço ou situação. Tanto Ă© que perdemos contato com a maioria dos amigos de escola, faculdade, antigos empregos. Poucas sĂŁo as pessoas que ficam depois de muitas temporadas. VocĂȘ vai fazer novos amigos em seu novo paĂ­s e, mais consciente de que as pessoas vĂȘm e vĂŁo, vai se tornar menos apegado. Vai aprender a ficar sozinho, se ainda nĂŁo sabe.

A maioria dos amigos que vai fazer serĂŁo outros imigrantes. Normal, afinal Ă© a circunstĂąncia que vos une. Boi preto reconhece boi preto. Como nĂŁo haverĂĄ famĂ­lia por perto para ajudar na hora do aperto, essas amizades podem se tornar bem intensas. Mas expatriados estĂŁo sempre indo embora. Seja porque o mestrado acabou, porque surgiu uma oportunidade de emprego melhor em outro canto ou simplesmente porque deu na telha. AĂ­, se for se apegar a todo mundo, ai de vocĂȘ. Brinco que a vida de imigrante Ă© uma cĂłpia mais acelerada da vida comum. Todo mundo vai embora, eventualmente. Conosco, o ciclo sĂł acontece mais rĂĄpido.

Saudade de coisas e comidas tambĂ©m Ă© facĂ­limo de lidar. A comida do Brasil Ă© Ăłtima? É, mas os outros povos tambĂ©m tĂȘm suas gostosuras. NinguĂ©m morre sem mandioca e a gente acaba se acostumando com os novos hĂĄbitos alimentares. Dependendo de onde vocĂȘ for morar, sempre haverĂĄ a lojinha de produtos brasileiros para quebrar um galho.

Resumindo: a saudade sĂł vai te matar se vocĂȘ nĂŁo estiver aberto Ă s novas experiĂȘncias. Mas, se for este o caso, sair do Brasil pra quĂȘ mesmo?

4. Ser diferente o tempo todo serĂĄ o maior problema


Vamos supor que vocĂȘ fale inglĂȘs fluente, aprendeu desde pequeno, e vĂĄ para um paĂ­s onde este seja o idioma oficial. Tire o cavalinho da chuva que vocĂȘ nĂŁo vai se passar por um local. NĂŁo por muito tempo. Pode ter o melhor sotaque do mundo, em algum momento algo vai te denunciar. AlguĂ©m vai se referir a uma musiquinha infantil que vocĂȘ nĂŁo cantou. Ou a uma celebridade da qual nunca ouviu falar. Uma gĂ­ria que vocĂȘ nĂŁo conhece. VocĂȘ pode ter o domĂ­nio da lĂ­ngua, mas nĂŁo domina todas as referĂȘncias. Simplesmente porque nĂŁo nasceu ali.

Se vocĂȘ for louco como eu e for para um paĂ­s cuja lĂ­ngua vocĂȘ nĂŁo fala, pior ainda. Na Hungria, eu vivia numa bolha de estudantes estrangeiros, jĂĄ que nĂŁo planejava ficar lĂĄ por muito tempo e, como escreveu Chico Buarque, o hĂșngaro Ă© a Ășnica lĂ­ngua que o diabo respeita. Toda vez que saĂ­a da bolha e precisava resolver um pepino com um atendente que mal falava inglĂȘs, me sentia uma pateta.

Depois, tive que aprender holandĂȘs do zero, enquanto todo o resto do mundo falava holandĂȘs Ă  minha volta. Ok, aqui todo mundo tem um bom nĂ­vel de inglĂȘs, entĂŁo jamais fiquei incomunicĂĄvel (prĂ©-condição para que eu cogitasse ficar aqui no longo prazo). Mas nĂŁo Ă© essa a lĂ­ngua das ruas. NĂŁo Ă© essa a lĂ­ngua da televisĂŁo, dos jornais. Se quisesse participar da sociedade, tinha que aprender holandĂȘs. PorĂ©m, mesmo que vocĂȘ seja o melhor aluno do mundo, nĂŁo se domina um idioma da noite para o dia. SerĂĄ um longo processo, durante o qual vocĂȘ se sentirĂĄ um pateta incontĂĄveis vezes. Hoje, tenho um bom nĂ­vel do idioma. Entendo uns 80% do que falam e consigo me expressar razoavelmente, contanto que nĂŁo seja um assunto demasiado complexo. Sou capaz de resolver pepino no banco e declarar o imposto de renda. Mas nĂŁo sem cometer alguns erros gramaticais. Ou falar frases gramaticalmente corretas, mas que soam um pouco estranhas. E Ă© sempre um pequeno parto. Ainda nĂŁo me sinto 100% Ă  vontade com a lĂ­ngua.

NĂŁo conseguir se expressar a contento Ă© das coisas mais frustrantes que jĂĄ senti. Querer dizer algo mas nĂŁo saber a palavra. Ter a palavra desejada vindo em 479 lĂ­nguas na sua cabeça, menos na que vocĂȘ precisa. Ter que fazer sua frase dar mil voltas para expressar algo que seria simples -- e no fim nĂŁo ter muita certeza se o outro entendeu o que vocĂȘ queria dizer. Saber responder ao que lhe perguntaram, mas demorar mais que um segundo para as palavras saĂ­rem da sua boca e aĂ­ a pessoa trocar para o inglĂȘs julgando que vocĂȘ nĂŁo sabe nada. Tudo isso me acontece diariamente e sem dĂșvida afeta as minhas relaçÔes. NĂŁo sou um deles. Mesmo quando me tornar fluente, jamais serei.

A diferença nĂŁo estĂĄ apenas estampada na forma como falo, mas no meu rosto (apesar da Holanda ser um dos paĂ­ses mais multiculturais da Europa, a maioria continua sendo alta, loira dos olhos azuis). EstĂĄ na cara -- literalmente -- que nĂŁo sou daqui. EstĂĄ tambĂ©m evidente na forma como penso, sinto e reajo a diversas coisinhas, desde o jeito como lavo a louça (holandeses enchem a pia inteira de ĂĄgua e lavam seus pratos ali dentro) atĂ© a forma como falo com meu chefe (ele me deu uma nota negativa em minha avaliação anual, dizendo que eu deveria ser mais assertiva ao... CriticĂĄ-lo!).

Embora desvendar esse novo mundo e seus cĂłdigos seja interessante e divertido -- foi para montar esse quebra-cabeça que vim, afinal -- , tem hora que cansa. Tem hora que vocĂȘ sĂł gostaria de estar num lugar onde todo mundo te entendesse e vocĂȘ entendesse todo mundo. NĂŁo precisar fazer esforço algum. É disso que vocĂȘ sentirĂĄ mais saudade.

Houve uma Ă©poca em que sofri um bullying danado na escola. Mas, por pior que fosse, nĂŁo ficava na escola o dia inteiro. Havia outros lugares onde eu nĂŁo me sentia a Ășnica diferente. Hoje, nĂŁo tem folga. Sou a diferente o tempo todo.

5. VocĂȘ vai sofrer preconceito

Se vocĂȘ Ă© uma pessoa branca, heterossexual, de classe mĂ©dia e com curso superior como eu, nĂŁo estĂĄ acostumado a sofrer preconceito. Ok, sou mulher e existe o machismo -- mas, tirando isso, no Brasil as demais portas estĂŁo abertas para mim. As pessoas me tratam bem automaticamente. Nem preciso dizer que nĂŁo Ă© sempre o caso quando se Ă© imigrante, certo? Para começar, aqui eu nĂŁo sou considerada branca. E, muito provavelmente, vocĂȘ tambĂ©m nĂŁo serĂĄ.

NĂŁo hĂĄ um sĂł dia em que eu nĂŁo abra o jornal e nĂŁo veja pelo menos uma coluna dizendo que o paĂ­s jĂĄ estĂĄ "cheio", que Ă© preciso apertar ainda mais as leis de imigração, que sĂŁo os imigrantes a aumentar os nĂ­veis de criminalidade. Apesar dos privilĂ©gios acima mencionados tambĂ©m me quebrarem um bom galho aqui (definitivamente, Ă© melhor ser um imigrante altamente qualificado do que o contrĂĄrio), hĂĄ pessoas que nĂŁo vĂŁo hesitar em demonstrar que nĂŁo sou exatamente bem-vinda por eles. É preciso criar uma casca grossa para lidar com isso.

Alguns holandeses parecem querer que os imigrantes se livrem de todo e qualquer traço cultural de seu lugar de origem, comportando-se como ventríloquos ou tietes da cultura holandesa. Temos que puxar o saco deles para demonstrar agradecimento por estar neste pedaço de chão. Mas, como disse acima, jamais seremos um deles. O måximo que conseguiremos é ser uma cópia mal feita. E eles, mais do que ninguém, sabem disso. Xenófobos jamais admitirão que os forasteiros sejam iguais. Mas eles querem que a gente tente mesmo assim. Felizmente, o bullying da época da escola me mostrou que isso não compensa. Viver querendo agradar "a turminha popular", viver para ganhar uma estrelinha de aprovação na testa, não é vida.

EntĂŁo Ă© preciso diariamente empinar o nariz e jogar um beijinho no ombro -- o que nem sempre Ă© fĂĄcil. Tem hora que o azedume dos outros acaba te afetando. Vira e mexe tenho de repetir a mim mesma que estou aprendendo holandĂȘs porque EU quero, porque me interessa, porque enriquece a minha experiĂȘncia por aqui, porque me conecta melhor com meu namorado e sua famĂ­lia. E nĂŁo porque uma pessoa aleatĂłria na rua foi grossa comigo ao perceber que eu nĂŁo dominava o idioma. O paĂ­s nĂŁo Ă© propriedade dela, nĂŁo devo satisfaçÔes a ela, nĂŁo Ă© a ela que eu devo ser agradecida. Se eu nĂŁo faço questĂŁo de agradar todos os brasileiros, por que me imporia a obrigação de agradar todos os holandeses? NĂŁo gostou, pega eu.

Basicamente, vocĂȘ troca um paĂ­s onde tem problemas por um paĂ­s onde vocĂȘ Ă© o problema. Esta queda, esta perda de privilĂ©gios te faz criar consciĂȘncia sobre as pessoas que nem precisam sair de seu paĂ­s para serem tratadas assim. Lembra na Ă©poca das eleiçÔes, quando circulou o tweet de uma pessoa dizendo: "malditos nordestinos que elegeram a Dilma, vou me mudar pra França"? A primeira coisa que pensei foi: "vĂĄ mesmo! AĂ­ vocĂȘ vai ser tratado pelos franceses da mesma forma como trata os nordestinos".

Lidar com eventuais babacas Ă©, no entanto, a parte mais fĂĄcil. A pior faceta do preconceito Ă© a burocracia. Se vocĂȘ nĂŁo tem cidadania europeia, prepare-se para ser inundado por ela, afinal os babacas elegem polĂ­ticos que lutam para deixar as leis de imigração cada vez mais Kafkianas. Tem um post enorme em meu blog sobre como consegui meu primeiro visto de trabalho. Engraçado ver como estava aliviada quando o escrevi, como se meus problemas tivessem acabado. Mal sabia eu que, no ano seguinte, enfrentaria mais burocracia para renovar o visto. Todo ano tem novas regrinhas, todo ano tem mais encheção de saco. VocĂȘ tem que ficar o tempo todo se justificando e suplicando para continuar dentro de uma linha imaginĂĄria que traçaram sobre um pedaço de terra.

VocĂȘ estĂĄ preparado para passar por tudo isso? Bom, na verdade, ninguĂ©m estĂĄ. É daquelas coisas que a gente sĂł aprende fazendo, dançando conforme a mĂșsica. Tem que se jogar. Mas Ă© preciso que vocĂȘ se jogue de forma realista. Se vocĂȘ sonha em sair do Brasil para fugir de problemas, pense novamente. Mas, se vocĂȘ gosta de um bom quebra-cabeças, divirta-se. Vale a pena. Eu faria tudo de novo.

Fonte: BrasilPost

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