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Só para inglês ficar irritado


Anche se un po’ in ritardo, pubblico questo articolo della rivista Epoca pubblicato il 29 di dicembre. E’ bello vedere che ci sono persone, anche all’interno del proprio Paese, che sanno vedere la realtà al di là dei numeri.

Só para inglês ficar irritado

A evolução da posição brasileira entre as maiores economias é fruto mais dos problemas de fora que do progresso interno

Depois que uma consultoria britânica anunciou, na semana passada, que o Brasil superou o Reino Unido e deverá ficar em sexto lugar entre as maiores economias do planeta, convém examinar a tabela abaixo para entender o que aconteceu. O Brasil começou a tornar-se o sexto PIB mundial a partir de 2007, quando surgiram os primeiros sinais da crise econômica em que os países ricos estão mergulhados até hoje. Naquele ano, o PIB britânico iniciou uma queda que deverá acumular 5,3% até o final de 2012, enquanto o PIB do Brasil deverá crescer 14,3% no mesmo período. Outros emergentes, como China e Índia, crescem a taxas muito maiores que o Brasil. Entre os desenvolvidos, o único caso positivo é a Alemanha. Se a França seguir em queda, é possível que também recue uma posição e, em breve, o Brasil passaria a ter o quinto PIB mundial.

Desde a publicação do best-seller de Darrell Huff Como mentir com estatísticas, em 1954, sabe-se que números podem ser usados para distorcer a realidade em vez de ajudar a compreendê-la. Os dados que comparam Brasil e Reino Unido são verdadeiros, mas incompletos. Causaram alvoroço entre os britânicos, pois foram apontados como prova da decadência do país. Mas a renda per capita dos brasileiros (US$ 12.916) não chega a um terço da britânica (US$ 39.604). Os miseráveis – 8,5% da população brasileira – foram praticamente eliminados da vida social do Reino Unido há décadas. Há também um aspecto precário na posição brasileira, pois ela depende do câmbio. Hoje, o real está valorizado em relação ao dólar. Caso ocorra uma desvalorização, algo até benéfico para nossas exportações, a posição dos dois países pode mudar. Já houve retrocessos no passado. Durante o “milagre econômico” do regime militar, o Brasil chegou a sétima economia mundial. Acabou caindo para a 11ª posição e não se falou mais nisso.

Segundo afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, os brasileiros precisarão de pelo menos mais 20 anos para alcançar o mesmo nível de vida dos ingleses. Parece uma visão cautelosa, mas ela é no fundo bastante otimista. Em termos históricos, o espaço de duas décadas é curtíssimo para um salto dessa envergadura, que envolve desafios bem mais complexos do que exportar commodities e bens manufaturados de média tecnologia.

Nada disso deve obscurecer uma realidade simples e palpável: o Brasil atravessa um bom momento em sua história. A evolução recente do país não é uma novidade da semana passada. Consta da análise das principais instituições internacionais e empresas privadas. A avaliação é conhecida: está ocorrendo um novo desenho na economia mundial, em que os países emergentes – entre eles, China, Índia, Rússia e Brasil – tornaram-se os principais motores do crescimento.

As causas do bom momento brasileiro estão claras. Começam no esforço para manter uma moeda estável e princípios fiscais mínimos. Com o dinamismo da economia, o desemprego desceu a um dos menores níveis da história. A concentração de renda diminuiu, e a classe média tornou-se maioria. Mas tal avanço não prosseguirá se a atual geração de políticos brasileiros continuar se recusando a encaminhar as mudanças indispensáveis para que o fortalecimento de nossa economia não dependa apenas do vento contra ou a favor.

É preciso reformar a Previdência, para evitar que ela estrangule os investimentos. Também é necessário aperfeiçoar as leis trabalhistas, para diminuir a informalidade. É preciso ainda reduzir em definitivo o insuportável peso que os impostos exercem sobre todos aqueles que trabalham sério no país – empresas e cidadãos. Finalmente, quando se conseguir modificar a estrutura de gastos exagerados do Estado, será possível elevar a taxa de investimentos e crescer sem sobressaltos. Nesse cenário, a taxa de juros poderá atingir um patamar baixo e consistente. Trata-se de um roteiro cujos princípios são conhecidos por todos os partidos políticos, embora nenhum deles tenha tido a coragem necessária para colocá-lo em prática de modo inequívoco.

Os brasileiros sabem que não foi fácil chegar até aqui. Têm consciência de que o país enfrentará imensos desafios em 2012. É verdade que, se houvesse uma atitude mais determinada do governo e dos políticos, poderíamos andar mais rápido. Mas o país avança – e isso é bom para todos.

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fonte: Epoca

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